Resultado do questionário do Dia Internacional da Mulher
Confira uma reflexão sobre os principais pontos da pesquisa
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, data que frisa a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos, o Sinafresp lançou um questionário a ser respondido pelas mulheres da classe na última semana. O objetivo era fazer um diagnóstico de como se sente a mulher AFR, em relação à igualdade de gênero, no desempenho de suas atividades na Secretaria da Fazenda.
O questionário abordou também a confiança da mulher no sindicato para ajudá-la a resolver as questões relacionadas ao tratamento igualitário entre homem e mulher no dia a dia de trabalho.
Atualmente contamos com 493 filiadas ativas e 583 aposentadas. Responderam ao questionário 92 mulheres, que representam pouco mais de 8,5% do total de filiadas. Essa não é uma amostra estatisticamente ideal, mas ainda assim representa a realidade de quase 100 mulheres dentro da classe e é capaz de trazer um retrato do sentimento feminino delas quanto à igualdade de gênero dentro da secretaria.
As respostas, como veremos mais detalhadamente nos cards, apontam que a mulher AFR não encontra no geral entraves de preconceito para ingresso na carreira. No entanto, após esse ingresso, 70% relatam que o órgão não promove a igualdade de gênero no desempenho das funções de seus servidores.
Quase metade das AFRs reportam preconceito de seus próprios colegas de trabalho, bem como situações em que se sentem marginalizadas e desacreditadas de suas competências por ser mulher.
O item que mais chama a atenção na pesquisa é que 41 respondentes apontaram já terem sido vítimas de assédio sexual ou moral relacionado a sua condição feminina.
Aqui propomos uma reflexão a todos: quantos casos desse tipo de assédio você teve conhecimento? Se tomou conhecimento, o que fez pra ajudar? Se não tomou conhecimento, imagina que isso não tenha ocorrido ao seu redor? O que você acha que pode fazer para ajudar a promover essa igualdade no seu ambiente de trabalho?
Entre os depoimentos relatados na pesquisa, a maior parte das queixas foi o assédio.
Apesar de todos esses relatos, 60,9% dessas mulheres ainda entendem que estão em situação melhor que a maioria das mulheres no mercado de trabalho.
Aqui cabe outra reflexão. Embora no serviço público não haja diferença entre a remuneração de homens e a de mulheres que ocupam um mesmo cargo – o que ocorre no setor privado, conforme apontam diversas pesquisas salariais –, na prática, a condição da mulher muitas vezes impede que servidoras ocupem cargos com melhores salários. Essa situação pode ocorrer pela discriminação de gênero das chefias, conforme relataram algumas colegas nos depoimentos, e também pela condição da própria servidora que muitas vezes precisa se conformar em ocupar determinados cargos e não abraçar outros tipos de responsabilidades porque devem conciliar suas atividades com o cuidado com a casa e os filhos.
No que diz respeito ao sindicato, 46,7% não se sentem à vontade em relatar casos de assédio e 20,7% preferiram não responder. Isso não é um sentimento que vai mudar do dia para a noite. Mas gostaria de assegurar que o Sinafresp, paralelamente às causas salariais e classistas, dará uma atenção especial à mulher AFR, num primeiro momento promovendo ações que façam com que a realidade feminina no ambiente de trabalho venha à tona e, em seguida, buscando maneiras de mudar essa realidade. Dessa forma, pretendemos caminhar para a promoção da igualdade de oportunidades no ambiente da secretaria.
Participem das próximas ações, sejam elas direcionadas a homens ou mulheres. Esse diagnóstico é muito importante para entendermos a condição da mulher na Secretaria da Fazenda.
Lígia Sabaraense – Diretora de Assuntos Intersindicais e Formação Sindical